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domingo, 27 de abril de 2014
Poema do Professor Luiz Romero
RECIFE - CIDADE AMADA
I
Recife Cidade amada
que a todos encanta e agita,
reduto onde o flamengo artista
nas praias, nos montes e nas matas
buscou retratar nossas belas índias,
negras, mamelucas e mulatas,
e o príncipe Nassau cercou-se de
ciência e beleza e governou a cidade
com grandeza.
II
Cidade contestada
onde muitos buscaram transformação
e a História se construiu com o sangue
derramado no sagrado chão:
sangue de escravos, de livres, de ricos,
de pobres, de liberais e de republicanos,
todos recifenses, leões pernambucanos.
III
Cidade de Caneca, fuzilado até a morte,
de Gregório Bezerra, arrastao nas ruas
de Casa Forte, do Padre Henrique
executado
pela sanha da Ditadura impune,
onde o grito de justiça a todos uniu e ainda une,
em prol do Recife, cidade querida, onde
muitos
ofereceram em holocausto a própria
vida.
IV
Cidade Solidária.
onde Dom Helder carregou
os pobres nos ombros,
como se fora sua cruz errante,
travando batalhas pelos direitos
do próximo e do distante,
homem pequeno, emtudo primaz,
nos lábios sempre o mesmo sorisso
e nos olhos a quietude da paz.
V
Cidade Saudade,
dos blocos, caboclinhos, do corso e
dos canaviais de outrora,
que juntava grandes multidões na Boa
Vista e na rua da Aurora,
onde pierrôs, arlequins e colombinas
trocavam juras de amor e vinha a quarta-feira, trazer cinzas e dor.
VI
Cidade do Bairro de São José onde o
Galo Madrugou
Cresceu, cresceu, cresceu e junto ao povo
anoiteceu.
VII
Cidade das Pontes
dos prédios históricos, das praças
E dos monumentos,
Veneza Americana de tantos eventos,
que nos enche de orgulho o peito
arfante,
VIII
Cidade amante, que à noite,
espreita os visitantes em suas esquinas,
e transpassa o coração de homens e mulheres,
meninos e meninas que vêm de fora,
e quando aqui chegam, como que
enfeitiçados perderam o caminho de volta
e fazem da cidade
seu pedaço de pátia eterna.
IX
Cidade Política
de Pelópidas e de Arraes que caiu,
mas que um dia voltou entrando
pela mesma porta de onde saiu.
Da esperança ardente,
de João Paulo e sua estrela cadente, de
Mário Medeiros, Suely Santos e Biu
Oliveira,
tantos sonhos de mudar o Recife e a
terra inteira.
X
Cidade Cultura
dos Brennands, dos castelos e das
Esculturas,
de João Cabral e suas Severinas de
tantas agruras,
do mestre Ariano, o mais recifense dos
paraibanos,
de Bandeira, de Ascenso e de Alceu,
a grande herança dos Valença.
De muitos que como eu, tão pouco
Fizeram por ti, ou mesmo quase nada,
Mas que te trazem guardada
a sete chaves no coração,
Recife, cidade amada!
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